Edições 2023 – Especial Prêmio Ignacy Sachs
Volume 3 - n. 1 – Arranjos Multiatores e Inclusão Produtiva Rural: Agriculturas do Sertão e da Floresta, de Zilma Borges, Caio Momesso, Raoni Fernandes Azerêdo e Eduardo Vivian da Cunha. Trabalho premiado na categoria: melhor artigo – 1a Edição – Prêmio Ignacy Sachs sobre Inclusão Produtiva Rural.
Resumo: Este artigo aborda a questão da inclusão produtiva de sujeitos pertencentes a comunidades tradicionais no rural brasileiro. O foco da investigação recai sobre os arranjos multiatores, entendidos como organizações que atuam em rede e que envolvem a interação entre agentes públicos, entidades da sociedade civil e comunitárias. A fim de apreender a dinâmica relacional, os ganhos e desafios desses arranjos, foram analisados dois casos: a Rede Origens Brasil®-APARAÍ, no município de Alenquer (PA); e o Gestraf, no município de Barbalha (CE). Para a caracterização dos arranjos, foram utilizados dados primários e secundários, além da realização de entrevistas para a coleta de dados interpretativos. Como conclusão, o artigo aponta para as oportunidades que os arranjos propiciam na ampliação do território, criando vínculos para além das comunidades. A noção de “inclusão” também é discutida com base nos depoimentos, considerando sua dimensão não apenas mercantil, mas também multidimensional, que envolve a relação dos sujeitos com a terra. Os arranjos são compreendidos como espaços de autonomia econômica e formação de laços de sociabilidade, que aumentam a capacidade de ação das comunidades. Por fim, são indicados os gargalos que cada arranjo apresenta, bem como a oportunidade para os poderes públicos locais em apoiar seus desenvolvimentos.
Palavras-chave: Inclusão Produtiva; Arranjos Multiatores, Ruralidade; Sociedade Civil; Redes; Sustentabilidade.
Volume 3 – n. 2 – Um modelo de desenvolvimento camponês: o caso da ASA, de Thor Saad Ribeiro. Trabalho premiado na categoria: melhor dissertação de mestrado – 1a Edição – Prêmio Ignacy Sachs sobre Inclusão Produtiva Rural.
Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo analisar o caso da emergência do programa de desenvolvimento conhecido como Convivência com o Semiárido, elaborado no contexto do Semiárido brasileiro. Para tanto, foi realizado um levantamento teórico sobre a literatura das correntes contra-hegemônicas do desenvolvimentismo e das transformações agrárias no Sul Global. No plano empírico, a pesquisa se dedicou a uma análise de discurso da Articulação do Semiárido - ASA, principal proponente da Convivência. A reconstituição analítica do discurso da Convivência se deu a partir de uma pesquisa documental de publicações e materiais audiovisuais da ASA, bem como de entrevistas com dirigentes da ASA e de suas organizações participantes, bem como de gestores do Governo Federal envolvidos nos programas de cisternas. Com isto, foram identificados alguns tópicos centrais nos quais a Convivência com o Semiárido elabora críticas ao desenvolvimentismo hegemônico e do agronegócio corporativo: a concepção limitada da natureza enquanto recurso econômico e a incapacidade de lidar com a crise ambiental, o monopólio da ciência e a desqualificação dos conhecimentos vernaculares, a recusa de processos democráticos e inclusivos. Em contrapartida, a Convivência articula um discurso de desenvolvimento baseado na agroecologia e na economia camponesa.
Palavras-chave: desenvolvimento rural; movimentos sociais; camponeses; sustentabilidade.
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